quinta-feira, 18 de junho de 2009

A verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul...


É verdade, Caetano! Se não fosse o frio que beirava os 8 graus e o sotaque ímpar que deixava o meu ouvido desconfiado, eu juraria que estava em Salvador. O que rolava ali pertinho do Estádio do Beira Rio era samba de primeiríssima qualidade, com 99,9% de negros e algumas loiras que sambavam de maneira frenética a fim de serem, de alguma forma, percebidas e galanteadas pelos donos da festa. Eu, Gustavo e Alex ficávamos dali só observando, bebendo uma Polar e curtindo o samba raiz em plena Porto Alegre, na boa, ao lado de Luciana, a gaúcha mais baiana do Brasil, e do seu fiel escudeiro Alessandro.

Fora do gueto do samba raiz, o que se vê na maioria dos bares da Cidade Baixa é samba rock e mais samba rock, Seu Jorge e Jorge Ben, um pouco de reggae e, é claro, o bom e velho “rock retrô”, inovação musical do cenário independente gaúcho. E foi assim, no meio de tanto “sambarockraizpagodinho”, que fomos fazendo os nossos contatos para divulgar o meu disco com uma sonoridade bem diferente do som predominante nos bares portoalegrenses. Porém, a aceitação do nosso trabalho era boa e os donos de casas de show amigáveis e receptivos. Luciana, nosso GPS local, apresentou-nos logo de chegada ao seu amigo Alexandre Poeta, grande músico, boêmio, parceiro e, é claro, poeta, que, de braços abertos, nos convidou pra dar uma canja no bar “Entreato”, onde ele se apresenta nas terças. Uma honra! Mas ainda faltava o local do show com banda completa e repertório do disco. Foi aí que conhecemos o “Paraphernália!”, um bar muito legal, bem decorado e recém reformado, onde um dos donos, Estêvão, é o baterista da banda da casa e o outro, Marcelo Seco, comanda o bar com uma simpatia única. Nesse dia, Serginho, do Papas da Língua, soltava a voz. O lugar era show! Depois de muita cerveja e algumas idéias trocadas, estava firmado o local das nossas duas primeiras apresentações em Porto Alegre, na terça e na sexta- feira da semana seguinte. "Bruno Aragão e Os Descansados" com Gigio Neves na bateria, Alex Barão na guitarra e Gustavo Pimba no baixo!! Nada de cachê, muito menos camarim. O importante era tocar, mostrar o nosso som, conhecer a noite local, distribuir discos e dar o pontapé inicial do meu projeto utópico e necessário para a minha carreira musical e, porque não, para minha vida. Fazer o quê?! “Devaneio é o meu maior defeito!”.

Foram 12 dias em Porto Alegre. No saldo da loteria do asfalto uma performance musical no Prefácio, canjas no Entreato e no Long Play, duas pequenas apresentações no Paraphernália, discos distribuídos, muito frio, muita cerveja e uma vontade enorme de ficar! Segunda-feira, 8 de junho, ressaca do Papillon... É hora de seguirmos para Floripa... Lá temos show confirmado 18 de junho no Drakkar, na Lagoa da Conceição; lá a gente joga em casa!... Ainda está só começando... Quando a saudade aperta e as incertezas me tomam, respiro fundo e lembro da gargalhada do meu sobrinho Raul, de 1 ano e 5 meses, no sofá da minha casa em Salvador, parecendo querer me dizer: relaxe, Bruno, que no final tudo vai dar certo! Rock in Rauuuuullll!!!

Um comentário: